Botões de emergência

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Era mais fácil quando as ações se resumiam a apertar botões sem ligar para as consequências. Hoje os botões ativam bombas, e bombas sempre ferem alguém! Era mais fácil quando o propósito de nossas vidas era impreciso e pertencente a um futuro ainda distante. Hoje o futuro se assemelha ao presente e confunde nosso passado! Os botões são de cores sortidas, onde estarão os botões de cor vermelho-sangue, característico dos botões perigosos? E as advertências? Onde estão as caveiras sorridentes indicando o perigo…?

No rastro das verdades, as migalhas remontam nossa condição. No rastro das mentiras e caminhos tortuosos, o homem vai se afundando e se envergonhando dentro dessas veredas. É de vergonhas e vaidades que vão sobrevivendo e angariando recursos para cada vez mais tentar te atingir.

A natureza humana seria assustadora se totalmente revelada e devastadora se confrontada. Embora já se saiba do nosso poder destrutivo, vemos pequenos pedaços do monstro. Assusta-me imaginar o conjunto da obra, a personificação de todos os nossos medos. Talvez o que se seguisse após a revelação, fosse algo mais simples e letal. Morte por asfixia.

_ E a morte por asfixia é uma morte muito dura, certo?!
Ainda não aprendi a lidar com os tipos de escória  nem com essas verdades inquietantes sobre a natureza humana. Há algo que compreendi ao longo desses anos : É preferível depender só de si para voar do que confiar a manutenção de suas asas na expertise de olhos que só enxergam cifrões. Cifrões são perigosos e tendenciosos, vão te levar ao chão na primeira oportunidade sua de bater asas!
De pé em pé eu chego lá, na ânsia de buscar velocidade para voar! Mas eu vou voar, ainda hei de voar!

Raoni Carrara

O derradeiro café

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É responsabilidade sua a falta de sentido em sua vida. É um dever seu procurar um meio de se manter de pé, mesmo que seja instável e inconstante. O seu desespero é a forma como a vida te esfrega as folhas do calendário na cara. É forte, é insensível, mas é sincero. É por isso talvez que pessoas busquem as ilusões e a falta de compromisso pela verdade. Para tentar escapar dos chacais e agiotas.

No final, se torna um tolo correndo em círculos, se afogando em suas dívidas, e se tornam seus piores inimigos. Os covardes! Quem paga a conta, no final, é sua memória, que sem as recordações que deveria ter tido no passado, vem cobrar com a foice na mão pela sua falta de atenção aos detalhes, pela falta de coragem para assumir os riscos de uma vida mais intensa. No final todos os covardes pagam suas dívidas, seja com uma alma despedaçada, ou uma mente rancorosa. Felizes aqueles que terminam o livro da vida em azul, ricos de memórias intensas, recordações primorosas e aquela sensação indescritível do orgasmo ligeiro. É loucura entregar enorme responsabilidade aos contadores e banqueiros. Esse tipo de riqueza se guarda debaixo do colchão, ou no final do arco íris, naquele pote de ouro dos contos de fadas. Ah eu quero isso pra mim, como eu quero. Quero chegar no final da vida, e rir da moça de preto, com sarcasmo, me oferecer pra amolar o fio de sua foice gasta, e depois tomarmos o derradeiro café. Até lá moça, eu quero flertar com o veneno que você coloca no meu copo, mas só por sadismo, eu nunca vou beber!Vou te dar um bolo na hora do encontro! Porque é assim que eu quero viver, e é assim que vai ser, até o vermelho virar azul, e meu espírito inquieto encontrar um pouco de plenitude nesse caos que é a vida.

Pessoas de segundos

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Somos pessoas de segundos, entre as batidas do coração, vivemos de paixões rápidas e de tentativas de acerto. Nos mais elevados níveis da razão, vivemos de proteção, na tentativa equivocada de não nos machucar. Quem vive se machuca, e não acredito ser proposital essa tentativa sem sentido de não viver. A gente só não sabe exatamente o que faz, e instintivamente vai morrendo ao passo que todas as tentativas parecem machucar. A gente vai vivendo e morrendo nessa gangorra, entre fugas e tentativas de fazer as coisas do jeito certo!

 

Demissão

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Vivemos de pequenos dramas, de pequenas contradições. Uma comédia sem ensaios, sem atores famosos. Você é o protagonista de uma bizarra coleção de trapalhadas e o público nem ri. O palco é mesmo o grande momento, segurando em uma mão a espada, no outro o coração. De um lado a verdade, do outro a trapaça, desse jeito a vida veste a armadura da arte e assim podemos participar da ilusão de que tudo não passa de uma simples encenação. Participamos de épicas batalhas, seguindo o enredo das tradições a das trágicas estórias e histórias de amor. Onde deixamos os finais felizes?! E cadê esse sacana que contratou os atores?! Falta sensibilidade, falta bom gosto, falta bom humor…cadê você?! Volta aqui que eu quero te despedir!!!